Psicologia e Violência

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Olá! Somos um grupo de estudantes da FEP-UCP do 2º ano da Licenciatura de Psicologia. No âmbito da disciplina de Psicologia dos Direitos Humanos e da Paz foi-nos proposto a utilização de uma fonte global, permitindo-nos expressar através de um olhar psicológico as diversas temáticas relativas à violência.

Violência nos media...uma realidade distorcida



A violência nos media tem sido encarada como uma das prioridades de investigação, diagnóstico e prevenção. De um lado, essa preocupação é justificada pela grande circulação de produtos mediáticos violentos, distribuídos, sobretudo, pelos Estados Unidos aos demais países do continente e para grande parte do mundo. Pesquisadores europeus e também norte-americanos vêm demonstrando que os programas produzidos nos EUA e exportados contêm mais quantidade e intensidade de violência que os de origem dos próprios países. Por outro lado, os estudiosos alertam que, com o fluxo global de informação pelos vários medias (por exemplo, a internet) tornou-se muito mais difícil, para as sociedades, controlar a qualidade dos conteúdos em circulação.Além do mais, sendo a violência uma produção histórico-social, são necessários investimentos constantes na interpretação das novas formas de sua apresentação e de suas defíceis articulações. Tal é o caso da necessidade de compreensão dos tipos específicos de violência próprios desse momento de mudanças profundas nos modos, meios e factores de produção, circulação e consumo, sob a proteção da revolução micro electrónica e de todos os meios comunicacionais e informacionais.
É importante referir que nem todo o modo de representação da violência e nem toda a reacção do público devem ser analisados da mesma forma, ressaltando a necessidade de distinguir factores que estão relacionados ao contexto da representação e às características individuais do espectador. Existem diversos factores referentes à natureza da representação que podem aumentar ou minimizar o risco dos efeitos nocivos da violência na televisão: características da vítima; motivo para a violência do agressor; presença de armas; duração e a intensidade das cenas violentas; grau de realismo das cenas de agressão; violência recompensada ou punida; danos morais, físicos e emocionais que esses actos provocam; existência de humor na apresentação das cenas de violência.
A exposição a longo prazo à violência nos media, é a falta de sensibilidade. Esse efeito caracteriza-se pela indiferença dos indivíduos quando a violência é dirigida a outros e há atitude de omissão em relação à vítima. Outro fenómeno relevante é a intensificação do medo por parte dos espectadores, de serem vítimas da violência na vida real. Esse aspecto do medo é observado nas pessoas expostas a muitos episódios de agressão na televisão. Expressa-se por meio de atitudes auto protectoras e nas formas desconfiadas de se relacionarem com os outros. Tais espectadores tendem a igualar a violência na tela, incluindo a que é veiculada nos telejornais, com a violência na vida real.
Foi feita muita pesquisa especialmente entre os norte-americanos para tentar conhecer a medida do relacionamento entre os media e comportamento social. Apesar das estatísticas e da reiterada observação empírica, já em 1963 um relatório da UNESCO a propósito da influência do cinema sobre as crianças e adolescentes, admitia que “tudo aquilo que sabemos com toda a certeza sobre o cinema é que não sabemos grande coisa com certeza”. Por outro lado, os três milhares de estudos realizados nos EUA sobre as relações entre televisão e infância também não produziram resultados significativos. O aumento exponencial da violência, em todas as suas formas, na maior parte nos grandes centros urbanos da América Latina e do resto do mundo, assim como o primado avassalador dos meios de comunicação sobre as formas de acesso de jovens e adultos às regras de relacionamento intersubjectivo no espaço social, coloca continuamente a media no centro das interrogações sobre o fenómeno da violência.
São várias as modalidades de violência e não são excludentes umas das outras, podem combinar-se: por exemplo, violência sociocultural-politica, anónima. Normalmente, porém, quando a media fala de violência refere-se à anomia dos crimes e assaltos. Assim, a televisão produz um efeito hipnótico e cria a ilusão de que se vê à distância, quando é mais verdade o contrário, que é à distância que se introduz as imagens e os sons na nossa casa. No entanto, é frequente ouvir expressões como esta: “É verdade, eu vi na televisão”. Mais ainda, a ilusão criada pelo audiovisual dificulta o conhecimento da realidade quando se pretende que esta se adapte às representações que dela fazem os meios. Assim ocorre, por exemplo, quando, para elogiar a beleza de algo, se diz que “é cinematográfica”, “de filme”, e coisas desse tipo.
A consciência do cidadão que se julga informado está limpa. Ele preocupa-se, está em dia, tem toda a classe de ideias sobre o que se poderia fazer, porém mantém-se isolado e inactivo em casa, em frente à televisão ou ao monitor do computador, no entanto, a enorme afluência de informações e dados pode estar a transformar a participação activa dos consumidores em conhecimento passivo.
Em relação à comunicação audiovisual, o entretenimento é o contacto com aquilo que não se tem e, por isso, com o que se deseja: gente rica e elegante, países exóticos, casas e vidas aparatosas, sorte na lotaria e nos inumeráveis concursos, etc.
A pequena janela da televisão permite mostrar os acontecimentos mundiais, ou melhor dizendo, permite receber tantas informações fragmentadas que o cidadão acredita que esta bem informado e a par de tudo, não sentindo a necessidade de intervir a fim de solucionar os problemas quotidianos com os demais. Inclusive pode-se ter uma consciência limpa, pois a pessoa preocupa-se, informa-se, está em dia, pode até ter toda a classe de ideias sobre o que se poderia fazer para acabar de uma vez com a miséria humana. Porém, mantém-se isolado frente ao televisor ou ao vídeo. O entretenimento dos meios pode servir tanto para a evasão da realidade, da obrigação e da responsabilidade, como para o encontro social, a descarga temporal das tendências associais, pode servir de tema de conversa, pode relaxar, aliviar, activar emoções, estimular ilusões, oferecer orientação, confirmar o saber quotidiano e muitas outras coisas. Contudo, há duas limitações: 1) que as mensagens mediáticas só desempenham essa função, temporalmente, de maneira transitória; e 2) que todo consumo mediático excessivo é perigoso, e é provável que apresente efeitos nocivos. Ou seja, que o uso dos meios pode ser também “disfuncional” para o individuo.
Portanto até que ponto os media podem influenciar a nossa postura e maneira de estar na sociedade. Não cabe a nós filtrar aquilo que nos convêm ou devido a nossa fragilidade, passividade, os media são tão influentes e exerce um poder tal capaz de manipularem as nossas ideias e distorcer assim a realidade para aquilo que provavelmente lhe convêm mais “vender”. Até que ponto os media devem ser vistos como um meio gerador de praticas violentas, abusivas que põem em causa os direitos humanos. Será que nos devermos começar olhar para eles não apenas como uma fonte segura de informação, fundamental para sabermos o que se passa em nosso redor, mas também como uma fonte de invasão de hábitos pouco moralistas usados para incutir rituais, ideologias geradoras de situações de conflito.

Concluindo até que ponto estes podem ser uma ameaça para nós e para o bem estar nas sociedades.



Is an evidence politik is violence



Porque quem está a espera que algo aconteça
Porque quem está a espera que alguém o ajude
Está a viver pensando que não vai haver quedas
e que a nós interrogam... e ao qual algo respondemos
Não sabíamos as regras

Nós vamos apontando os dedo a quem fracassa
as pessoas que fazem justiça para terem o que lhes convêm.
Onde os media fazem com frequência referência a essa violência
que não passa de uma evidencia,
que se alimenta de força, ignorância e insistência,
que recorre as bombas para afirmar a sua existência.
E no entanto continuamos firmes as suas exigências e fechamos os olhos as suas praticas sangrentas



Fuja à Realidade...


Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.
Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.
Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

No Caminho de Maiakóvsk
Eduardo Alves da Costa