Afinal a violência esta presente na religião
Segundo Kimball (2002), a religião é uma característica central da vida humana. Quando esta é associada a violência deve ser olhada para além de uma questão da violência na religião mas também, é tratada como uma questão humana, uma questão social e uma questão antropológica, visto que é o ser humano que provoca a violência, mesmo que esta esteja inerente à religião (Girard, 2004).
Muitos dos historiadores e grupos sociais, reconhecem que a violência cobre o mundo em muitos de seus pontos mais importantes, muitas vezes relacionada com a religião e seus fanatismos e sendo exemplos de tal ligação as guerras santas, as limpezas étnicas entre outros.
Maioritariamente, as reflexões neste campo focalizam-se preferencialmente sobre o fundamentalíssimo muçulmano.
Ora, parece-nos que a questão é na verdade muito mais ampla e profunda. Não atinge apenas o fundamentalismo, mas muitas das próprias práticas religiosas e as religiões, inclusive as grandes religiões do Ocidente e as religiões monoteístas. A violência tornou-se um acontecimento massivo nas sociedades contemporâneas, a ponto de constituir um verdadeiro desafio para a consciência moral do nosso tempo. O Genocídios e as torturas cientificamente organizadas; perseguições de todos os matizes; depurações raciais e limpezas étnicas; êxodo forçado de populações inteiras e grupos sociais indefesos; terrorismo em formas inumanas; segregação e/ou exclusão económica, racial e religiosa; todos são comportamentos individuais e colectivos que traduzem nada mais, nada menos, do que o simples e cruel desejo de destruir o outro. No entanto neste momento o que nos queremos e explorar e tentar perceber a relação que existe em a religião e a violência.
Então para começar podemos verificar que Deus autodefine-se como o Eterno e o Imutável, (Bíblia, Êxodo 3:14) e “Nunca encontrarás mudanças na conduta de Allah” (Corão, 4 8:23). No entanto, com tanta diversidade de religiões, tantos crentes e seguidores das mesmas muitas vezes o que verificamos é que apesar de dentro de uma dado religião os seus seguidores lêem ambos a Bíblia o Corão de noite e de dia no entanto muitos deles onde lêem o negro outros lêem o branco. Hoje em dia a ocorrência de conflitos violentos parece estar muito relacionada com as diferentes religiões. Para compreender essa intrigante relação entre as religiões e a violência na sociedade, é preciso considerar o que se passa no interior das mesmas e em seus contextos sociais globais.
A religião pode tomar vários significados como “Sistema de símbolos que age de modo a suscitar nos homens motivações e disposições poderosas, profundas e duradouras, formulando concepções de ordem geral sobre a existência e dando a essas concepções uma tal aparência de realidade que essas motivações e essas disposições parecem assentar na própria realidade” (Geertz, 1966, p.4). Segundo René Girard, a religião é uma forma de tentar controlar a violência (indiferenciada), através de rituais que comemoram simbolicamente a violência fundadora e o seu “mecanismo da vítima emissária”. No entanto, a violência, pelo menos simbólica, está presente não só no sagrado, mas também no religioso; exemplos disto são, no Cristianismo, a comemoração da Paixão de Cristo e também, no Xiismo, a comemoração do martírio de Ali.
Para completar esta ideia é possível verificamos não só a presença de violência nos rituais acima descrito como em muitas passagens:
Judaísmo: a Tora antigo testamento: Vida por vida, Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé (Deut, 19,21), mas as vidas destes povos que o Senhor te dá como herança são as únicas onde tu não deixares subsistir nenhum ser vivo (Deut., 20, 15-18)
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